Aurea Rangel
São Paulo é uma cidade com 15 mil quilômetros de vias com um Programa de Orientação de Tráfego (POT) em dissonância com a realidade das ruas onde circulam diariamente cerca de 5 milhões de veículos. Vantagens de financiamento, entre outros motivos, têm contribuído para que as montadoras vendam carro como pão quente.
Se por um lado este aspecto é positivo porque move a economia do País, por outro a verba arrecadada com impostos provenientes dessas vendas devem reverter em melhorias para o tráfego. Isso também vale para o montante angariado com multas. Nos últimos10 anos esse bolo cresceu 96%, totalizando R$ 3,2 bilhões.
São valores exorbitantes que não chegaram à Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET). E não é só isso: a previsão para 2007 é de que outros R$ 574 milhões em multas cheguem aos cofres municipais. Essa será a maior arrecadação da história. Tomando por base os R$ 3,2 bilhões da última década, caso as determinações do Código Brasileiro de Trânsito (CBT)tivessem sido seguidas à risca, desse total, R$ 3 bilhões teriam sido investidos “(...) exclusivamente em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito”. A realidade das vias públicas de São Paulo, porém, deixa claro que a norma do CBT passou longe de ser cumprida. O dinheiro saiu do bolso do contribuinte sim, mas não cumpriu sua função de promover benefícios, ficando no meio do caminho.
Segundo a CET, faltam recursos para implantar soluções viárias compatíveis com o tráfego e as necessidades de segurança de São Paulo. Este é o argumento para que produtos para sinalizações horizontais, por exemplo, amarguem até oito anos em campos de prova da companhia. Apenas o setor de fiscalização do órgão opera com tecnologia de ponta para que a arrecadação de multas nunca trace um gráfico decrescente. Multar pode. Radares fixos, móveis e lombadas eletrônicas brotam do chão a todo momento. Mas as vias estão sucateadas. A falta de placas de orientação, de alertas, de semáforos modernos, faixas de solo e outros dispositivos reduzem a fluidez do tráfego e aumentam o índice de acidentes.
*QUÍMICA E ESPECIALISTA EM SINALIZAÇÃO HORIZONTAL E INFRA-ESTRUTURA VIÁRIA
Fonte: Jornal da Tarde - 19/09/07
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