Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre Desordem Urbana, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Liberado, mas somente para poucos

Renato Grandelle

O Calçadão da Avenida Atlântica está cada vez mais estreito. Um passeio pela orla de Copacabana, ao lado dos prédios, mostra que desordem urbana nem sempre é sinônimo de ambulantes e menores de rua. O Jornal do Brasil passou por toda a via e encontrou 87 carros sobre as pedras portuguesas, em espaços que deveriam ser exclusivos de pedestres. Quase todos (81) estavam parados em frente a hotéis, sem placas de trânsito que autorizassem a sua permanência. A Guarda Municipal garante que pune os infratores - desde o início do ano, mais de 4 mil multas foram aplicadas na Atlântica por estacionamento irregular - e a associação de hotéis condena a prática, mas, além do discurso, poucas mudanças chegam aos moradores.

A invasão automobilística patrocinada pelos hotéis mostra que as 624 vagas disponíveis em baias na orla há muito se tornaram insuficientes. No Sofitel, em frente ao Posto 6, 26 carros estavam estacionados em local proibido. Próximo ao Copacabana Palace, eram 13. A Guarda admite que rebocar todos os veículos em situação irregular seria trabalhoso demais para o efetivo disponível. São apenas 12 agentes por turno - um para cada 300 metros, em média.

A vigilância termina antes das 22h, bem na hora em que começam os grandes eventos patrocinados por hotéis. A partir daí, a Guarda só fica se solicitada - mas, na maioria das vezes, o ordenamento dos carros sobre os canteiros é entregue a manobristas de empresas particulares.

- Os moradores já perderam 180 vagas, que foram entregues pela Secretaria Municipal de Transportes aos táxis especiais - protesta Horácio Magalhães, presidente da Sociedade de Amigos de Copacabana. - Apesar disso, e com a tolerância do poder público, os hotéis continuam estacionando no Calçadão. Quem não é taxista ou ligado ao setor turístico, caso se atreva a fazer o mesmo, corre o sério risco de ser multado.

A competência da Guarda em coibir o loteamento do espaço dos pedestres é questionado por Marcus Monteiro, diretor-geral do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), órgão que tem o Calçadão como bem tombado.

- Além de dificultar a vida dos moradores e prejudicar as pedras, existe o dano à paisagem - lamenta. - A existência de 87 carros sobre o calçadão, a maioria em frente a hotéis, sugere um poder de fogo maior dos interesses particulares. É leviano dizer que existe uma contrapartida para a vista grossa da prefeitura, mas temos de nos perguntar por que esta situação é tolerada.

A Avenida Atlântica é a única via de Copacabana inteiramente controlada pela Guarda Municipal - as outras grandes ruas e avenidas do bairro ainda têm o trânsito ordenado pela Polícia Militar. Desde o início do ano, 5.752 multas foram aplicadas na orla de Copacabana - cerca de 70% por estacionamento irregular.

- Ainda atuamos freqüentemente com reboques da CET-Rio, além de mantermos um disque para atendimento de denúncias - ressalta o comandante do 1º Grupamento Especial de Trânsito, Itaharassi Bomfin Junior.

FONTE: http://jbonline.terra.com.br/ - 15/09/07

Nenhum comentário: