Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre Desordem Urbana, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Má sinalização coloca motoristas em risco

Placas pichadas ou ausência de indicações levam veículos para áreas dominadas pelo tráfico de drogas

Fernanda Pontes

Numa cidade cercada por favelas dominadas por tráfico de drogas, um erro no percurso pode ser fatal. A falta de sinalização e a quantidade de placas depredadas comprometem a segurança de motoristas, como foi o caso do grupo de paulistas assaltado quando ia para o Corcovado e da menina Gisele Marques Conceição, de 11 anos, baleada na cabeça ao entrar de carro com os pais por engano na Vila Vintém. Apesar dos riscos, a prefeitura afirma que a cidade está bem sinalizada e que o maior problema ainda é o vandalismo. Por ano, a CET-Rio gasta R$ 1 milhão para substituir as placas danificadas.

O desafio de não errar o caminho começa antes da chegada ao Rio, na Rodovia Washington Luiz. Nesse caso, não faltam placas, mas o excesso delas se transforma numa armadilha.

De uma só vez, o motorista precisa ler mais de quatro indicações contendo informações importantes sobre cada destino. Não são raros os motoristas que querem ir para o Centro utilizando a Linha Vermelha, mas entram por engano no primeiro acesso à direita e saem em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.Na visita ao cartão-postal mais famoso do Brasil, o Corcovado, as pichações confundem os motoristas em diversos trechos.

A mesma placa que induziu os paulistas ao erro próximo à Ladeira dos Gurarapes, por exemplo, já estava adulterada desde março deste ano. Ontem, a prefeitura providenciou os reparos. Em outras ocasiões, placas já tinham sido depredadas naquela região.

Descida para Laranjeiras pode acabar na Falet No bairro de Santa Teresa, também muito freqüentado por turistas, desviar das 20 favelas é uma tarefa para poucos. Um dos pontos cruciais é a descida para o Rio Comprido e Laranjeiras.
No Largo do França, uma placa indica que o motorista deve dobrar à esquerda. Logo depois, há uma bifurcação com uma tímida placa na lateral. Quase todos acabam descendo a ladeira, que fica praticamente na reta do motorista.
O comerciante Celso entrou por engano na ladeira às 21h30m quando saía de uma casamento com a mulher e a filha.

Ele seguia para sua casa na Tijuca e resolveu descer pelo Rio Comprido.

— Percebi que estava numa favela quando vi minha blusa pontilhada de lazer vermelho de armas dos traficantes.

Abaixei o vidro e disse que tinha errado o caminho — lembra Celso, que foi liberado pelos bandidos após sofrer ameaças.

Além dele, outros convidados ficaram sob a mira de fuzis dos traficantes do Morro do Falet.

Como a ladeira é íngreme, fica praticamente impossível retornar.

Por causa disso, todos tiveram que seguir pelas ruelas escuras até o Rio Comprido.

Já na Avenida Brasil, não há placas indicando os bairros mais próximos da via expressa.

Um simples retorno pode resultar em tragédia. Quem segue para a Zona Oeste e deseja voltar para o Centro, por exemplo, pode cair na entrada da Favela de Acari. Em outros trechos, a proximidade com as favelas é um risco. Na semana passada, a família de mineiros Glower Ervilha foi assaltada ao pedir uma informação num sinal em frente à Vigário Geral.

Apesar de todos os problemas, o presidente da CET-Rio, Marcos Paes diz que a cidade está bem sinalizada.

— A cidade está bem servida de sinalização, temos cem mil placas no Rio. O problema é o vandalismo como furto e pichações.

Apenas na reposição e na limpeza das placas, gastamos R$ 1 milhão por ano.

Sobre a possibilidade de as favelas do Rio serem sinalizadas — como já acontece no Morro da Formiga e no Jacarezinho —, Paes teme que os moradores não aceitem a idéia. Ele pretende sinalizar áreas onde o motorista pode se confundir: — Vamos colocar o mais rápido possível sinalização em áreas cruciais como a de Santa Teresa.

Fonte: Jornal O Globo - 11/09/07

Um comentário:

Anônimo disse...

É um absurdo mesmo, eu mesma este fds fui ao corvovado e na volta, entrei em uma rui. Quando dei por mim estava dentro de uma favela horrível, cheio de bandidos com fuzil na mão.
Pra nadar no Rio de Janeiro tem que saber onde vai entrar e onde vai sair. Se não pode ser uma ida sem volta!!!