Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre Desordem Urbana, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Convivência arranhada nas calçadas do Rio

Duilo Victor

Fundamental na vida de qualquer bairro, a convivência entre supermercados e a vizinhança nunca esteve tão arranhada na cidade. Em associações de moradores, como as de Copacabana e Leblon, chovem reclamações de supermercados que extrapolam os horários de carga e descarga de mercadorias, o que deixa o trânsito ainda pior nos horários de rush. O clima é de litígio: ainda que dentro dos horários permitidos, o JB flagrou supermercados que usam a calçada para empilhar suas caixas de mercadorias e fazer o caminho dos pedestres como estacionamento de carrinhos de compras - todos sempre vazios, diga-se de passagem.

Em Copacabana, bairro que já sofre com a má-conservação de calçadas e o abuso dos fradinhos - conforme noticiou ontem o JB na primeira reportagem da série - moradores elegeram o supermercado da rede Mundial, na Rua Barata Ribeiro, como um dos campeões da desordem. Na segunda-feira, apesar de as operações de carga e descarga dos produtos estarem no horário devido - entre 10h e 16h - a calçada ficava com tamanho tão restrito que só permitia a passagem de um pedestre por vez. Ontem, no mesmo intervalo, no fim da manhã, o panorama era igual.

O presidente da Associação Comercial de Copacabana, Fernando Polônia, confirma o problema mas estende a culpa aos outros supermercados do bairro. Segundo ele, o fim da crise de relacionamento só ocorrerá quando as cargas e descargas de mercadorias ficarem restritas à noite - horário considerado perigoso por causa da insegurança:

- A falta de espaço para pedestres é um problema que já se espalhou para todo o bairro e tornou-se uma questão de meio-ambiente no caso dos supermercados. Claro que, nos estabelecimentos que já existem, não há como retirá-los só por conta do transtorno nas calçadas, mas novos supermercados não devem ser mais autorizados sem estudo de impacto sobre a vizinhança.

A sugestão de Polônia é a mesma do aposentado Eduardo Freitas, 74 anos, morador do Leblon. Ele reclama especificamente do supermercado Zona Sul, na Rua Dias Ferreira, onde diz ver freqüentemente caminhões de entregas parados dos dois lados da calçada, o que torna impraticável o trânsito no trecho.

- Como há impunidade na desordem que os supermercados criam, só acredito em uma posição mais radical: só permitir o tráfego de caminhões pelo Leblon durante a noite.

Supermercados das rede Zona Sul e Hortifruti, no Leblon, a ocupação do espaço público segue o mesmo ritmo. Na Zona Norte, outro trecho conturbado. No Largo da Segunda-Feira, na Tijuca, mais uma loja da rede Mundial tinha funcionários que permitiam carrinhos de compra na calçada. Sem contar as pilhas nada elegantes de papel higiênico flagradas ontem por volta das 13h, mesmo que caminhões de fornecedores tivessem um recuo na rua para aguardar espaço no depósito do supermercado e a ocupação da calçada fosse desnecessária.

Morador da Tijuca, o advogado aposentado Elias Calille, 69 anos, costuma passar pelo Largo da Segunda Feira - um dos trechos mais movimentados do bairro - informou que já tentou reclamar com a prefeitura sobre a desordem urbana na vizinhança, mas decepcionou-se:

- A falta de respeito não se restringe às calçadas, mas também ao trânsito, que fica ruim por causa dos caminhões que param em qualquer lugar. Já tentei reclamar com guardas municipais, mas não agem.

Em contato com o subprefeito da Zona Sul nas regiões que compreendem Copacabana e Leblon, Mário Filippo não pode responder às reclamações dos moradores, alegando estar em uma reunião durante a tarde de ontem. À noite, já não respondia mais aos telefonemas do JB.

FONTE: http://jbonline.terra.com.br/ - 19/09/07

Um comentário:

Marzollo disse...

Hortifruti reconhece abusos

Depois de uma manhã de flagrantes de desrespeito aos pedestres feitos
pelo JB, a rede de supermercados Hortifruti informou que o amontoado
de caixas encontrados em seu estabelecimento na Rua Dias Ferreira, no
Leblon, não está de acordo com as normas da empresa. Das redes de
supermercados citadas na reportagem, foi a única que respondeu às
reclamações de moradores.

A rede Zona Sul, que fez parte das queixas em duas lojas do Leblon,
não respondeu até o fechamento da edição. Mesmo panorama para a rede
Mundial, dona das lojas do Largo da Segunda-Feira e da Rua Barata
Ribeiro, em Copacabana.

No Hortifruti, a assessoria da empresa informou que vai apurar a
conduta nos procedimentos de carga e descarga da loja que, segundo a
rede, tem espaço interno para abrigar os caminhões de fornecedores.
Ontem no início da tarde, os caminhões ocupavam a calçada e as caixas
eram empilhadas do lado de fora do supermercado, conforme registrou o
JB.

Outra praga urbana, os famosos cones de concreto usados para coibir
estacionamento irregular na calçada - fradinhos - tiveram chance de
desaparecer. Em 2003, o prefeito Cesar Maia vetou projeto de lei do
vereador Rubens Andrade (PSB), que pregava o fim do obstáculo.

FONTE:http://jbonline.terra.com.br - 19.09.07