Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre Desordem Urbana, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Uma noite com o espírito do Natal

Como num passe de mágica, o espírito fraterno do Natal baixou na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas na noite de anteontem. Depois da confusão dos primeiros dias de romaria à árvore luminosa flutuante, o que a reportagem do JB constatou desta vez foi uma convivência calma e ordeira entre Polícia Militar, Guarda Municipal, vendedores ambulantes e o público que, mesmo numa segunda-feira, saiu da frente da TV e foi curtir um dos mais belos cartões-postais da cidade sob uma agradável brisa de verão.

- O estacionamento na calçada não foi liberado, mas nós estamos, vamos dizer assim, tolerando - surpreendia, perto da famosa curva do calombo, um dos guardas municipais, cujo nome será resguardado para evitar que receba uma punição disciplinar como presente de grego de algum superior hierárquico mais dogmático.

A confirmação do astral natalino viria logo em seguida, quando o repórter perguntou a um dos chefes da guarda de plantão no local se os carros dos visitantes da árvore não seriam mesmo multados.

- Pense bem: a pessoa vem ver a Árvore de Natal e ainda leva uma multa... Não é legal. Ter o carro rebocado, então, seria pior ainda. Até porque, enquanto o reboque levasse os dois primeiros carros, todos iriam retirar os seus e só duas famílias pagariam o pato - poderava o comandante, mostrando um bom senso difícil de encontrar nos que usam farda e são doutrinados a cumprir a lei sem questionamentos.

Espaço para todos

Em relação aos ambulantes e às carrocinhas de churros, coco, pipoca, milho verde, churrasco ou tapioca, os guardas mostravam maleabilidade semelhante. Contanto que não invadissem a ciclovia, podiam trabalhar livremente.

- A polícia só está implicando um pouco com a turma que vende refrigerante e cerveja. Acho que os quiosques reclamaram - diz o pipoqueiro Antônio Saraiva, 42.

A festa estava tão perfeita que nem os flanelinhas tiveram vez. Carros da Polícia Militar circulavam a fim de evitar a repetição das extorsões a que muitos motoristas foram submetidos no primeiro fim de semana com a árvore acesa (veja texto ao lado).

- Ontem e anteontem, a PM foi em cima deles. Hoje, eles nem vieram - atestava o vendedor de pipoca Pedro Souza, 52 anos.

A noite antecipada de Natal foi farta. Depois de comer milho, cachorro-quente e churrasquinho - regados a refrigerante - Marlene Maria dos Santos Nascimento, 60 anos, se divertia contemplando as luzes coloridas e os chafarizes com 44 idosos do programa Rio Experiente, da prefeitura, que os trouxe do distante bairro de Senador Camará (Zona Oeste).

- Comi tudo a que eu tinha direito - divertia-se Marlene, invadindo sem querer a ciclovia.

A distração, que numa noite comum poderia render-lhe uma bronca de algum ciclista adepto da alta velocidade, anteontem foi perdoada. Durante o período em que a reportagem esteve por ali - cerca de uma hora - não houve sequer uma reclamação da turma do pedal, que, respeitosamente, desviava dos muitos adultos e crianças para seguir seu caminho.

Até mesmo os moradores da Lagoa, que têm fama de não gostar muito de ambulantes, estavam bem mais receptivos.

- Apesar de achar que eles (os vendedores) sujam um pouco a paisagem, já comi dois milhos. O preço é menor que nos quiosques e no posto de gasolina - constatava o estudante de arquitetura Leandro Souza, 19, que desceu de um dos prédios da orla para ver mais de perto, com amigos, o imponente adorno natalino.

Seu colega Tiago Mendes, 18, que faz faculdade de desenho industrial, tinha um olho na árvore e outro nas garotas.

- Isso aqui está ótimo!

Fonte: http://jbonline.terra.com.br 12.12.07

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