Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre Desordem Urbana, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

sábado, 6 de setembro de 2008

Violência e Obesidade: Assaltos nas ruas inibem a prática de exercícios físicos

RIO - Obstáculos perigosos permeiam o caminho de quem troca esteiras e bicicletas ergométricas por corridas, pedaladas ou caminhadas por áreas de lazer ao ar livre. Diante de casos recorrentes de assaltos, cresce o número de praticantes de exercícios outdoor que começam a evitar os percursos solitários para correr em grupo. Na Lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo, pelo menos seis tendas são armadas, nas primeiras horas da manhã e nos fins de tarde, para servir de ponto de encontro de corredores amadores, onde, além de segurança particular, preparadores físicos ajudam no aquecimento e no alongamento dos grupos, formados, na maioria, por profissionais liberais e empresários.

As turmas de amigos de última hora são uma forma de tentar evitar a abordagem de pivetes, ladrões em bicicletas e até motos, que assustam quem escolhe áreas como o Aterro do Flamengo, a orla, a ciclovia do Maracanã e a Lagoa para se exercitar. Celulares, i-Pods, relógios e dinheiro são os alvos. Os freqüentadores reclamam da falta de policiamento.

A publicitária Patrícia Barizon conta que optou por se exercitar em grupo, na Lagoa, por causa do apoio técnico, mas admite que pensou na questão da segurança. Mesmo assim, recentemente correu de quatro menores de rua, que surgiram junto à pista, na altura da Rua Maria Quitéria:

- Eles correram atrás de mim, num trecho em que eu havia me distanciado mais do grupo. Nunca corri tanto na minha vida, mas escapei.

Blog Pulso vira espaço de relatos de vítimas

A preparadora física Luciana Toscano mantém uma tenda da Lagoa. O ponto de encontro de cerca de 80 pessoas é em frente à Rua Aníbal de Mendonça. A turma também corre no Aterro, mas, por segurança, só pela manhã. Ano passado, a tenda da Lagoa foi assaltada por um homem armado, que levou celulares e objetos dos corredores.

Desde então, o grupo conta com um segurança à noite.

- Os alunos se distribuem em grupos pequenos e em horários diferentes, o que dá entre cinco e dez pessoas correndo juntas. Na Lagoa, montamos a tenda de manhã e à noitinha. No Aterro, ficamos em frente ao Obelisco, onde tem sempre uma patrulha da PM, mas à noite não vamos porque é muito perigoso - afirma Luciana.

Os casos de ataques são tão freqüentes que o blog Pulso, do Globo Online, escrito por Cilene Guedes, recebeu mais de cem relatos de internautas sobre episódios de assaltos nas áreas de lazer. A secretária Daniela Sampaio Campino contou ter sido uma vítima. Ao pedalar de manhã na pista do Maracanã, perto do portão 18, foi abordada por um ladrão em outra bicicleta, que a ameaçou com um caco de vidro.

- Ele pegou a minha bicicleta e abandonou a dele, que era velha - conta Daniela, que desistiu de freqüentar a área de lazer, embora more em frente.

O técnico de plataforma Amaury Santos foi outra vítima que desabafou no blog. Ele e a mulher foram abordados, há um mês, por dois jovens assaltantes, em bicicletas, na ciclovia do Aterro, na altura da Rua Osvaldo Cruz. Um dos bandidos tentou puxar o cordão de Amaury. Ele conta que as duas filhas e uma sobrinha também já foram atacadas no Aterro:

- Um dos ladrões me deu um tapa no pescoço. Só entendi que era assalto quando me disse para dar o cordão. Ele segurava um volume por baixo da camisa que parecia ser uma arma. Mesmo assim, eu disse que não entregaria e eles acabaram desistindo. Me arrisquei.

No fim de tarde da quinta-feira, O GLOBO percorreu a orla da Lagoa e comprovou a presença da PM em quatro pontos: junto à Aníbal de Mendonça, Parque dos Patins, Baixo Bebê e Estádio de Remo. Mesmo assim, os relatos de assaltos são constantes.

Este ano, o engenheiro Amílcar Perlingeiro, que corre sozinho, viu um assalto a mão armada a um casal de turistas, ao meio-dia de um domingo, com pista lotada. O assaltante desceu da garupa de uma moto, na altura da Rua Joana Angélica, e foi direto às vítimas. Após roubar celulares, carteira e relógios, voltou à moto:

- Sem qualquer temor, em meio às tantas pessoas, o ladrão caminhou e apontou a arma para as vítimas.

Há poucas semanas, a jornalista Helena Teles presenciou, na altura Rua Maria Angélica, um menor de rua atacar um estudante na orla da Lagoa:

- A vítima não deixou que o ladrão pegasse a mochila. Ele fugiu sem nada levar.

Homem armado assalta na ciclovia do Leblon

Caminhar na orla da Zona Sul também pode ser perigoso. Na ciclovia do Leblon, no Posto Doze, uma economista, que prefere não se identificar, teve o i-Pod e o relógio roubados, há menos de dois meses, por um homem armado numa bicicleta.

- Era um fim de tarde de sábado. O bandido estava na ciclovia e, quando passei, ele me disse "passa tudo ou estouro a sua cara". Foi horrível.

Em Copacabana, na altura da Praça do Lido, freqüentadores reclamam da presença de menores de rua. Uma moradora do bairro contou que chegou a ser agredida por um ladrão, também numa bicicleta, e correu de um grupo de menores:

- Só não me assaltaram porque eu corri mais do que eles!

A queixa dos usuários das áreas de lazer é sobre o policiamento ineficiente. Apesar das reclamações, o coronel Marcus Jardim, comandante da 1ª Companhia de Policiamento de Área, afirma que essas áreas têm patrulhamento estático (pontos fixos) e dinâmico (em movimento) adequados. Segundo ele, a distribuição de homens e patrulhas fica a cargo do batalhão da área, com base num trabalho de inteligência.

- Toda a unidade operacional trabalha direcionando o policiamento estático e dinâmico de acordo com as estatísticas de ocorrências e priorizando a demanda de problemas. Os policiais de cabine, a pé, a cavalo, em patrulhas são orientados para perceber a movimentação atípica, inclusive, de motos.

Aterro e Lagoa são exemplos de áreas privilegiadas. A Guarda Municipal mantém efetivos nessas áreas de lazer, das 7h às 19h, com apoio de bicicletas e carrinhos. Os guardas, mesmo não usando armas, costumam afastar menores de rua e deter ladrões que não estão armados. Ano passado, um guarda perseguiu de pedalinho um ladrão que se jogara na Lagoa após um roubo. E, mês passado, outros dois prenderam um menor que acabara de assaltar um freqüentador do Aterro.

Fonte: http://oglobo.globo.com/rio/mat/2008/09/06/amigos_de_corrida_uma_forma_de_evitar_assaltos-548116494.asp

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