O que você já fez para evitar assaltos durante corridas e caminhadas?
Duzentos e catorze pessoas responderam e o quadro é assustador.
Mudei meu horário de treino -13,55%
Troquei meu local de treino - 7,94%
Não levo mais MP3 - 6,07%
Só vou acompanhado - 6,07%
Tênis caro, nem pensar - 7,94%
Aderi à academia - 23,36%
Nada. Não mudaria minha rotina por isso - 10,75%
Nada. Não senti necessidade de mudar ainda - 24,30%
Os números são claros, somadas as alternativas de mudança, 65% dos que responderam mudaram sua rotina de treinos e atividade física por causa da ameaça de violência. É especialmente chocante ler que 23,36% aderiram à academia, preferindo exercitar-se indoor.
Ou seja: o Rio está jogando no ralo sua vocação explícita para a vida ao ar livre, e anulando seu maior incentivo ao combate do sedentarismo - o prazer que a beleza desse cenário dá.
Na reportagem do Globo, a PM diz estar fazendo o que deve fazer quanto à segurança dessas atividades. Imaginem se não estivesse... Pelos comentários e e-mails que o blog recebeu passou uma sugestão interessante para a Polícia Militar: pôr homens à paisana misturados a corredores, caminhantes e ciclistas nessas áreas. Por que não, coronel Marcus Jardim? Também estranha que o comandante da 1ª Companhia de Policiamento de Área diga que Aterro e Lagoa "são exemplos de áreas privilegiadas" pela polícia. Engraçado, justo as duas áreas de que mais os atletas amadores se queixam... Será um efeito Tostines sem graça nenhuma?
Enquanto a postura das autoridades for a de que nada está tão errado assim, histórias como a de Leandro Murga da Silva vão se repetir. É dele um dos 100 e-mails e comentários que o Pulso recebeu sobre a ameaça da violência que paira sobre os cariocas até nos momentos que deveriam ser de mais relaxamento e paz de espírito. É uma ameaça concreta, que está mudando - para pior - a vida das pessoas. Leandro, infelizmente, é uma prova.
"Cara Cilene,
Confesso que há pouco tempo tomei conhecimento do seu blog e de suas denúncias. Portanto, gostaria de compartilhar uma história ocorrida em outubro de 2007, que mudou minha vida até hoje.
Tenho 25 anos e até outubro de 2007, vinha mantendo uma saudável rotina de corridas diárias. Cerca de 1 ano depois, com 14 quilos a menos, eu estava muito feliz com minha forma física, meu hábito saudável e iniciando minha preparação para uma das várias maratonas dominicais promovidas no Aterro do Flamengo.
Em um dia de semana, por volta de 8h30, peguei meu celular com fone e música, coloquei os fios por baixo da roupa e fui fazer meu percurso diário pela orla de Botafogo até o Aterro do Flamengo. Aproximadamente 40 minutos depois, já chegando ao ponto de partida, notei três homens, com roupas velhas e rasgadas sentados, observando todos que passavam correndo. Como o local é muito movimentado, inclusive com grupos de corredores do exército, polícia e bombeiros se exercitando neste horário, passei por eles e olhei todos eles nos olhos, para mostrar que eu estava atento à presença dos mesmos. Nada adiantou. Eles correram em minha direção e, numa fração de segundo, ao ser abordado e olhar para trás, acabei acertando com minha canela direita um dos bancos de concreto da ciclovia. Voei por cima do banco e caí sentado do outro lado. Não senti nada na hora, apenas vi minha perna jorrando sangue e meu instinto foi segurar meu celular, que estava caído ao meu lado. Então um dos bandidos abaixou, me rendeu com uma faca no pescoço e pegou o celular. Quando cheguei ao hospital, descobri várias escoriações por todo o corpo, além de levar 7 pontos na perna.
Resultado final desta aventura, foi que eu hoje estou moderadamente paranóico com o Rio de Janeiro. Praticamente não ando de carro à noite, nunca mais consegui voltar a correr na praia e desconfio até da minha própria sombra ao andar na rua, além é claro, de ter ganho uma bela cicatriz na minha canela direita.
Um cordial abraço,
Leonardo."
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