Apresentação

Gerar, disseminar e debater informações sobre Desordem Urbana, sob enfoque de Saúde Pública, é o objetivo principal deste Blog produzido no Laboratório de Vida Urbana, Consumo & Saúde - LabConsS da FF/UFRJ, com apoio e monitoramento técnico dos bolsistas e egressos do Grupo PET-Programa de Educação Tutorial da SESu/MEC.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

As conseqüências da desordem urbana na cidade do Rio de Janeiro

Rodrigo Bethlem

Fazendo uma rápida avaliação da desordem urbana no Rio de Janeiro, podemos ver claramente como o poder público foi leniente e tolerante com todo tipo de desmando na cidade, em especial na ocupação desordenada do solo.

Hoje, a população enfrenta uma verdadeira zona de guerra no Complexo do Alemão, na região da Leopoldina, que, há aproximadamente três décadas, era o pulmão industrial do Rio, gerando dezenas de milhares de empregos. Empresas como Coca-Cola, Castrol, Plus-Vita, entre outras, funcionavam na região. Hoje, a maioria delas fechou a porta ou mudou-se, tornando a região uma espécie de semi-árido econômico.

Qual a razão? Diante da oferta de empregos nestas empresas, as pessoas contratadas buscaram imediatamente moradia próximo ao local de trabalho. A ausência de políticas habitacionais sérias - ou pior, a presença de políticas permissivas e demagógicas que liberaram a construção de casas em encostas e até em beiras de rios - começou a criar um terreno fértil para que quadrilhas tomassem conta destes territórios, criando uma verdadeira Cidade Partida. Imperaram leis próprias - situação em que o estado de direito é deturpado pelas pseudo-leis e vale a vontade arbitrária e ditatorial de marginais. Tornou-se, então, impraticável a instalação daquelas empresas no local.

Por fatos assim é que precisamos transformar o combate à desordem urbana em prioridade para toda a sociedade. A barraca do camelô montada em um lugar proibido, crianças pedindo dinheiro nos sinais, pessoas dormindo embaixo de marquises e calçadas ocupadas por automóveis são exemplos de pequenas infrações. Aos poucos, isso tudo criou um clima de ausência da autoridade, no qual a desordem se auto-alimenta. Daí surge uma sucessão de pequenos delitos que, com o tempo, transformaram-se em um grave problema para a população. A boa notícia é que são delitos de fácil resolução.

O governador Sérgio Cabral resolveu não só enfrentar o estado paralelo imposto pelos marginais - como no caso do Complexo do Alemão - mas enfrentar a desordem urbana, através da criação de uma força-tarefa coordenada pela Secretaria de Estado de Governo. Eis uma missão nunca antes assumida pelo governo do Estado, que sempre relegou tal tarefa ao plano municipal. A Secretaria Estadual de Governo vem atuando na operação CopaBacana, que já obteve excelentes resultados para um dos nossos maiores cartões-postais, o bairro de Copacabana. O índice de furtos a turistas, por exemplo, caiu 59% depois do início da operação. Iniciamos também a Operação Maravilha, com a mesma finalidade, só que no Cosme Velho, no entorno da nova maravilha do mundo, o Cristo Redentor. As operações seguirão por outros bairros e serão mantidas em cada um deles até o fim deste governo.

Chegou o momento, portanto, em que a população deve se erguer e condenar irregularidades. A aposta da sociedade é essencial para que a política de enfrentamento empreendida pelo Estado tenha êxito. Será uma vitória da legalidade e, principalmente, do povo carioca.

Fonte: Jornal do Brasil - 26.08.07

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